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A (IN)UTILIDADE DA METAFÍSICA
Não poderei ser
eu uma mera ilusão, um dos “entes” em que se decompõe o sonho do Génio?
Ou eu mesmo
sonho, julgando estar acordado? E estou acordado quando sonho?
Tal como Chuang
Tse, que sonhou ser uma borboleta, esvoaçando por aqui e por ali, como se em
espaço infinito, deliciando-se com a vida, sem saber quem era, isenta do eu, ao
acordar verificou que era precisamente Chuang Tse, podemos questionar-nos:
- Sonhou Chuang
Tse que era uma borboleta, ou foi a borboleta que sonhou que era Chuang Tse?
Se eu for um dos
elementos de sonho do Génio ou de qualquer outra entidade, existirei
enquanto realidade própria?
É indício de
distinção entre realidade e sonho, o facto deste último nos surgir de modo
ilógico, bastas vezes de modo descontinuado e sem sentido? E quem nos diz, que
essa aparência incoerente não se constitui como a verdadeira realidade?
Como já anotámos,
é pelos sentidos que começamos a percepcionar o mundo.
Mas, não são
estes causa de múltiplas ilusões? Ilusões auditivas, olfactivas, visuais, como
a corda que ao crepúsculo confundimos com a serpente e nos faz recuar no
caminho.
E sendo elementos
causais de ilusões, poderão ser merecedores de crédito?
Será que os
objectos percebidos pelos sentidos só têm existência enquanto representados no
nosso espírito, ou seja, não têm realidade independente da nossa percepção?
Inexistirá
a matéria, nada existindo no mundo para além do espírito e das ideias?
Não obstante, as
coisas hão-de existir sempre como ideia no espírito do Génio?
E todo o
pensamento, seja daquilo que for, é uma ideia na mente do pensador?
Nesta perspectiva,
só as ideias na mente podem ser pensadas e a matéria é contestada, conquanto
desunida do espírito de modo intrínseco.
Poderíamos ser
levados a pensar que esta corrente filosófica negaria em toda a sua
amplitude a existência real dos objectos e dos seres percepcionados. Não nos
parece, já que sendo ideias no espírito do Génio têm a sua realidade
determinada por este facto.
De qualquer modo,
suponhamos então que não me é permitido duvidar dos meus
sentidos – embora lhe
reconheça limitações substanciais na distinção possível entre aparência e
realidade, já que a maior parte dos objectos da nossa percepção surge-nos não
como “realidade”, mas como “aparência” –, ou melhor dizendo, dos
dados por estes obtidos. Sei assim, que a lagoa do cimo da montanha existe, e
que não deixa de existir quando uma nuvem espessa a toca com suavidade no seu
movimento descendente, fazendo-a desaparecer aos meus olhos. Não obstante, esta
lagoa que vejo não é a mesma para mim e para todos os que comigo estão.
Surge-nos como consequência da perspectiva – em
função do nosso posicionamento nas suas margens –, que por seu
turno se alia à reflexão da luz para criar uma determinada imagem ou ideia
específica.
Sem que queira
precipitar juízos, estou relativamente convicto, ainda que na dúvida, que não
devo admitir com imprudência juvenil todos os dados proporcionados pelos
sentidos, já que serão porventura eles, que mais frequentemente me poderão
apontar o que é verdadeiro e o que é falso – indagação a relegar para
momento posterior.
Podemos também
ponderar a hipótese da Realidade pertencer a um único ente, ao dito Génio,
inexistindo o mundo na perspectiva de que quando vemos os seres e objectos pelo
prisma da multiplicidade são irreais, ou seja, os fenómenos são ilusórios
quando considerados como estando separados do Génio e reais quando
contemplados na perspectiva da unidade. Assim, só o Génio seria real; o
Universo seria irreal e o espírito individual mais não seria do que o Espírito
Universal. A dualidade seria sempre ilusória.
Nas várias
hipóteses especulativas, é bem possível que o Génio – aqui
manifestamente adjectivado como Génio do Mal – me engane, fazendo com que
tudo o que por certo se me apresente seja pura ilusão, para sua diversão e
entretenimento; a eternidade deve ser um tédio, e fazer “paciências” para
todo-o-sempre também cansa.
Ou que um outro
tipo de Génio, subalterno de um outro Génio qualquer, tenha
também sido dolosamente enganado e em consequência gere inconscientemente todas
as situações ilusórias.
Nesta conjuntura,
com um Génio Todo-Poderoso – seja do Mal seja do Bem – nada
poderá ser reputado de certo ou errado, mesmo o que comumente designamos como
verdades matemáticas.
Um mais um podem
não ser dois, mas três e, um triângulo pode ter quatro lados, já que qualquer
erro pode ser levado às suas últimas consequências, ou o ente-todo-poderoso o
não seria.
Não temos, pois,
qualquer critério seguro que nos permita afirmar a existência de algo certo
neste mundo. Não temos também critério que nos permita identificar o que está
errado ou o que é falso. E, nestes domínios de floresta impenetrável, não é
“crendo” que se sabe ou “sabendo” que se
crê.
Resta-nos,
parece, a certeza de que nada de certo ou errado, de verdadeiro ou falso possa
ter existência.
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Bom dia,
ResponderEliminarA realidade material como nós a conhecemos é uma projeção da mente primordial, do criador do Universo. Só assim se compreende que Deus tudo saiba e esteja em todo o lado. A matéria é comprimento de onda, energia condensada, o tecido espaço tempo é a sua dimensão e a mente divina a sua casa. Nós existimos como parte de um todo criados à imagem e semelhança do criador.